Bloco EURECA - Eu Reconheço o Estatuto da Criança e do Adolescente.



Durante a maior festa popular brasileira, a folia engajada do Eureca leva às ruas de São Vicente não só a alegria de centenas de crianças, adolescentes, educadores e representantes da rede social: leva também uma importante discussão em torno da defesa dos direitos humanos. Convidamos você a fortalecer este processo de mobilização social para garantia do cumprimento da legislação sobre crianças e adolescentes brasileiros, o ECA.
Criado em 1991 pelo projeto Meninos e Meninas de Rua, o bloco Eureca sai às ruas para dar o primeiro grito de carnaval no município de São Bernardo do Campo. Desde 2006, com o apoio do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, a rede de garantis de direitos de São Vicente participa desta ação e multiplicou o movimento, organizando a versão Eureca Litoral, coordenado pelo Camará. Este ano, o objetivo é ampliar e fortalecer a mobilização na Baixada Santista.
A cada ano, o Eureca aborda uma temática relacionada ao Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei Federal 8069/90, sendo a primeira delas uma comemoração pela conquista do ECA.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Cine Debate : Utopia e Barbárie de Silvio Tendler


DATA: 19/02/2011
LOCAL: CINE ROXY BRISAMAR 6
SHOPPING BRISAMAR - SÃO VICENTE
HORÁRIO: 09:00 h




Crítica do filme "Utopia e Barbárie", de Silvio Tendler


Por Sergio Batisteli

Após 19 anos, a geração bastarda que sonhava com glórias e liberdade chega às telas. A partir da visão marxista, ou seja, um vasto conceito filosófico, que se baseia profundamente na ideia do homem como um ser social histórico, que possui a habilidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho. Assim, o homem tem a possibilidade de progredir e ampliar suas potencialidades humanas.

“Utopia e Barbárie” é o encontro do diretor Silvio Tendler consigo mesmo, após filmar o excelente longa-metragem “Encontro com Milton Santos”, de 2007. Tendler nos apresenta a história, pelo seu ponto de vista, dos últimos 50 anos do século XX. Contextualiza as guerras, as revoluções, suas utopias e as barbáries.

O documentário traz uma linguagem fílmica que não estamos acostumados a ver no cinema comercial, como a distorção de som e imagens. Recurso que ajuda o espectador a captar a sensação de estar vendo uma forma diferente à história recente da humanidade. Nessas quase duas décadas “Utopia e Barbárie” passou por 15 países, dentre eles França, Cuba, Brasil, Vietnã e EUA. O filme é narrado em primeira pessoa nas vozes de Chico Diaz, Letícia Spiller e Amir Haddad. Os entrevistados são influentes personagens (militares, dramaturgos, jornalistas, políticos, escritores, sobreviventes de guerra etc.) Um importante detalhe não foi deixado de lado no documentário, que é a repetição dos caracteres dos nomes dos entrevistados. Afinal, com os depoimentos com mais de 50 pessoas, fica difícil de lembrarmos os nomes de todos eles.

Silvio Tendler utiliza vários trechos de filmes para ilustrar diversas revoluções, por exemplo, “Roma Cidade Aberta” de Roberto Rossellini; “Campesinos”, de Marta Rodriguez e Jorge Silva, documentário que trata da forma de como os grandes proprietários de terra impõem a sua cultura e os conflitos em ocupações de terras, sobre os índios e camponeses; “Camilo Torres”, de Bruno Muel e J.P. Sergent, sobre o padre católico e guerrilheiro colombiano; “The Black Panther Newsreel”, que trata de registros históricos com entrevistas, audiências públicas e depoimentos de integrantes do grupo revolucionário Panteras Negras; “A Batalha de Argel”, narra a luta pela independência da Argélia, que põe em combate o exército francês e a Frente de Libertação, dirigido por Gillo Pontecorvo.
Talvez o mais impactante, por ser um trecho longo usado no documentário, “Setembro Chileno” conta a tomada do poder pelo general Pinochet. Obra de Bruno Muel, diretor, fotógrafo e jornalista. Tais filmes foram escolhidos a dedo, para representar através de outras obras cinematográficas os ideais, sentimentos e pensamentos de uma geração. O longa-metragem mostra que a utopia existe e paga-se um preço muito caro por isso.

Silvio Tendler conta a relação direta dos EUA com as ditaduras sul-americanas. Registros em áudio nos são apresentados com as vozes dos principais políticos, que na época defendiam a ditadura militar no Brasil e que ainda influenciam a opinião pública.

Nos anos 2000, Tendler exibe incríveis personagens em viagens feitas ao Oriente. Segundo o documentário, vivemos atualmente numa distopia, isto é, o pensamento, a filosofia ou o processo discursivo está baseado numa ficção, no qual o valor representa a antítese da utopia, que tem como significado mais comum a ideia de civilização ideal, imaginária, fantástica para se formar uma nova ideologia que não aceita o imperialismo.

“Utopia e Barbárie” é uma aula de história e segue como indicação para professores que se preocupam em ensinar fora da classe, preocupados em mostrar outras formas de conhecimento. Essa obra é o que se costuma chamar dentro do jornalismo de “grande reportagem”, que pode ser encontrada em revistas como Brasileiros, Caros Amigos, Piauí etc.



Silvio Tendler (nascido em 1950) é um renomado documentarista brasileiro. Conhecido como "o cineasta dos vencidos" ou "o cineasta dos sonhos interrompidos" por abordar em seus filmes personalidades como Jango, JK, Carlos Marighella, entre outros, Silvio é, antes de tudo, um humanista, que já produziu cerca de 40 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens. Em 1981 fundou a Caliban Produções Cinematograficas Ltda., produtora direcionada para biografias históricas de cunho social...Leia Mais